Tenha uma boa leitura Uma viagem com os livros : junho 2013

6/30/2013

Era uma vez...

Chapeuzinho Vermelho x Chapeuzinho Amarelo: medo do Lobo, medo bobo.


 

Os contos de fadas foram adaptados com o passar do tempo à classe emergente, a burguesia. Os educadores tentavam impedir que as crianças pobres tivessem acesso a eles, pois, acreditavam que poderiam despertar nas crianças desejos inadequados, uma vez que são apresentados de maneira a acostumá-las a reagir de forma adequada ao socialmente esperado, desvalorizando (ou reprimindo) os impulsos que estão em desacordo com a sociedade. Assim, sempre terão uma função utilitária expressa por um ensinamento moral. Por tal razão, os contos de fadas encerram, de maneira geral, uma moral útil, ou seja, deixam claras as vantagens em ser honesto, gentil, obediente, laborioso e avisado, da mesma maneira, as desvantagens e castigos em ser mal, ambicioso, mentiroso, etc. 

Sob o ponto de vista histórico, apesar de o conto de fadas narrado para crianças ter por objetivo a educação infantil burguesa, já que representam uma mistura de narrativas pré-burguesas inicialmente transmitidas de forma oral, os contos de fadas folclóricos, como os coletados pelos irmãos Grimm, não eram restritos às crianças nem “fabulosos”, uma vez que eram contados por e para adultos, homens e mulheres, em toda parte do mundo. Seus narradores e ouvintes faziam parte dos grupos mais pobres do mundo feudal, ou seja, eram ligados, de alguma maneira, à classe dos explorados. Podemos verificar o fato em sua estrutura básica. Nela, o herói se encontra em situação difícil, sempre esta alterada para melhor geralmente por uma intervenção externa e mágica ao protagonista, ou seja, por uma ação não realizada pelo protagonista, pois exercida por algum personagem fantástico.O que se observa também é o tratamento diferenciado em relação às condutas das personagens femininas e masculinas em que são enfatizados aspectos do comportamento feminino, como a obediência, a beleza, a curiosidade, a honestidade, sempre relacionados à posição social ocupada pela personagem da narrativa. A recompensa pelo desenvolvimento desses atributos seria o casamento que era a forma pela qual a mulher adquiria sua identidade social.
:
Por ter sido e ainda ser um meio eficaz de moralizar e educar as crianças, as histórias infantis apresentam um discurso identificável com os interesses pedagógicos e familiares. Geralmente, os maus acabam punidos e os bons recompensados, porém, há as histórias em que os bons acabam morrendo de maneira violenta, são os contos de susto ou admoestação (a forma de narrá-los, com uma voz forte e grave, também lhe é peculiar), feitos com o objetivo de alertar sobre um perigo ou impedir certas ações. Dentre essas histórias, está a história de Chapeuzinho Vermelho.
:
As versões mais conhecidas são as de Perrault e dos irmãos Grimm, tem caráter educativo. Nesta versão aparece o discurso pedagógico autoritário por meio das vozes da mãe e do lobo. Trata-se de uma história de admoestação em que a criança aprende pelo medo a ser obediente e em quem deve confiar (no caso, a mãe; e não confiar (no caso, o Lobo) que a quer enganar. A narração é pautada pela relação de poder e saber do adulto sobre a criança ingênua e ignorante. No entanto, na famosa versão de Chico Buarque – intitulada Chapeuzinho amarelo – há um rompimento com esta atitude. Não se abandona a função utilitária do texto infantil, mas muda-se o foco da mesma, que deixa de ser autoritária, de admoestação, e passa a apresentar-se como libertária na medida em que valoriza a reflexão, autocrítica e a autonomia da criança.



A segunda versão, para a qual damos ênfase, de Chico Buarque, intitulada como Chapeuzinho Amarelo, contempla o diferente e o humor; nela desestabilizam-se completamente os sentidos da versão tradicional e surge um discurso libertário que substituirá o autoritário, da mesma forma que a imagem do medo cede lugar ao não-medo, assim, o Lobo se transforma de amedrontador em amedrontado e a menina de Chapeuzinho com medo em Chapeuzinho sem medo. O Lobo tenta, por meio de uma estratégia, recuperar o medo da menina - sentido dominante na formação discursiva moralista da versão tradicional - porém, não há sucesso em sua empreitada; desanimado acaba virando um bolo. O autor brinca com as palavras de forma que se construa uma estrutura lúdica. Não há na história a presença da mãe de maneira que não há desobediência por parte da menina e, consequentemente, castigo. A menina percebe que seus medos são construídos por ela mesma e que somente existem até o momento em que são enfrentados.


A história Chapeuzinho amarelo feita por Chico Buarque propõe uma mudança no comportamento socialmente desejado para a criança. Poderíamos afirmar que sua paródia às versões tradicionais constitui uma adaptação à atualidade na medida em que incorpora uma nova identidade infantil assim como uma nova postura educacional.

As diferenças analisadas nas duas versões marcam a diferença de sentido que adquire, assim como, a diferença de objetivo que se deseja alcançar, daí a importância da apresentação de ambas as histórias à criança para que possa perceber a diferença entre elas e, desta forma, desenvolver seu pensamento critico.

Confira a seguir comparando as histórias mencionadas, e boa reflexão!




"Deu a louca na chapeuzinho",um ótimo filme 'moderno' para assistir e discutir com os alunos após as leituras citadas ,em referências.




Referências:

Chapeuzinho Vermelho  - versão de Charles Perrault: 

# Foco: 6 ano e/ou 7 ano - EF

----Podemos passar pelas versões mais antigas dos contos de fadas até  as mais atuais, confrontar a época em que foram escritos.Criar um debate entre semelhanças e diferenças dos contos.
-----Mostrar a estrutura de um conto, e perceber se o aluno entendeu através das citações feitas, * clicar nas referências dadas e ler juntamente com os alunos.Assistir ao filme "Deu a louca na chapeuzinho."
---- Finalizando, propor aos alunos a produção de um conto de fadas ,podendo usar um já conhecido, deixando-o 'moderno'.Como por exemplo ,este proposto.

6/28/2013

A PALAVRA...o estrangeirismo...




Crônicas da vida online:

 Palavras com palavras

Lembro que um livro que me marcou muito quando criança se chamava “Marcelo, martelo, marmelo” e o personagem principal se questionava sempre sobre o sentido das palavras. “Porque colherzinha de café se chama assim? Porque não pode ser ‘mexedorzinho de café?’”, questionava o menino.Não quero entrar no mérito etimológico das palavras, e muito menos arranjar brigas eternas com a Academia Brasileira de Letras. Mas vim para falar sobre o que continua a me encantar sempre: as palavras.Vamos então ignorar por completo o significado de todas elas e avaliar apenas a sua sonoridade, ok? Porquê? Porque existem palavras que são gostosas de falar, simples assim. Sem contexto, sem significados nem significantes. (Desculpa semiótica, hoje não).Por exemplo, uma palavra que nasceu feia e é horrorosa pra se falar é Sovaco. Que coisa mais odiosa de se falar! Outra palavra horripilantemente feia: Pereba. Não existe frase que fique bonita colocando “pereba” no meio. É que nem asséptico ou joelho.  Fale com um gringo, ele provavelmente vai te dizer a mesma coisa (exceto alemães e russos que qualquer coisa nessas línguas parecem que estão gritando conosco também).Já a palavra bambolê é gostosa de falar, assim como “bubbles” em inglês. Talvez seja pelo B…se bem que pensei em uma palavra com B e a uso sempre como palavrão. Fale repetidas vezes e veja como são gostosas de falar! Nhoque e musgo também são palavras legais.Também gosto de ornitorrinco, polido, siricutico, hipopótamo, janela e pocilga. Já tenho certo preconceito com matraca, limusine, ônibus e pururuca. Mas detesto mesmo é estupro, encruzilhada, idiossincrasia, ator e cambalhota. Quer xingar alguém em outro idioma? Grite “Seu Úbere!”.A palavra mais linda de se falar, pra mim, é tinta. É sonora, simples, clara. Sei que cada um tem sua palavra favorita e as suas mais odiadas. Pra você, qual a palavra mais fofa do mundo?  


Responda:
1- Qual é a importância da palavra em seu cotidiano?
2- Na crônica a autora fala sobre 'palavras boas ou ruins', você acredita no uso de boas palavras em nosso dia-a-dia ?
3- Qual  o poder da palavra na vida do ser humano?

O ESTRANGEIRISMO
Bem, sabemos que o uso de termos de origem estrangeira na fala e na escrita costuma gerar algumas discussões. Mas uma coisa é certa: essa troca cultural é inevitável, cabendo aos falantes saber conviver com isso e medir até que ponto esse recurso pode enriquecer a nossa Língua.
Alvo de críticas, o ESTRANGEIRISMO – tema da nossa aula de hoje – merece nossa atenção.
Observem a tirinha a seguir da famosa e polêmica personagem Mafalda:
Há, acima, uma crítica em relação ao “abuso” de estrangeirismos na Língua.
Discussões e polêmicas à parte, vivemos em um mundo globalizado, logo, estamos sujeitos a uma série de trocas culturais. Nesse sentido, sofremos as mais variadas influências, seja no modo de viver, na maneira de se vestir, nos hábitos de alimentação, na música, nas artes e, claro, no modo de falar e de escrever.
Essa flexibilidade na língua permite, muitas vezes, a incorporação de palavras de origem estrangeira em nosso vocabulário. Esses vocábulos incorporados à língua recebem o nome de estrangeirismos ou empréstimos linguísticos.

SE LIGA!
Quando uma palavra, ao ser inserida em nosso léxico, sofre modificações gráficas, dizemos que ela foi “aportuguesada”. É o caso, por exemplo, do verbo “deletar”, que veio do termo em inglês “delete”.
Vejam os casos a seguir:
A publicidade faz, constantemente, uso de estrangeirismos. Percebam a expressão “Summer sale” sendo utilizada para fazer referência à “Liquidação de verão” de uma loja.
 " Agora veja e escute com atenção, estas músicas: de Zeca Baleiro e Agridoce. "




  Responda:
--- Qual a estrutura do gênero 'crônica' ? Se achar necessário ler outras crônicas para conhecer melhor a estrutura deste gênero; o uso de assuntos cotidianos e postadas em jornais;
----Comparar a música "Palavras ao vento" à crônica -palavras boas em nosso dia -a - dia com as pessoas ( o bom uso da palavra); relacionar junto com o pensamento do cartum de Mafalda

---- O que é o 'estrangeirismo'?,Relacionar e expor o uso aparente em nossa língua,em músicas, propagandas,e na crônica estudada;


---Ao término desta 'intertextualidade', dê exemplos sobre o estrangeirismo em seu cotidiano.


Vamos viajar !? HETERÔNIMOS ...

Para viajar basta existir.
Fernando Pessoa

Fernando Pessoa - Heterônimos

Fernando Pessoa - quatro poetas em um: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e ele próprio (cada qual fortemente distinto com características bem divergentes).
Fernando Pessoa

Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.
É considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e o seu valor é comparado ao de Camões. Teve uma vida discreta, atuante no jornalismo, na publicidade, no comércio e principalmente na literatura, onde se desdobrou em várias outras personalidades conhecidas como heterônimos.
A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra, além do fato de ser o maior autor da heteronímia.
Tinha uma personalidade com conflitos não solucionados, com inibições de um comportamento sexualmente indeciso, oscilando entre o melindre e a tentação dos sentidos, decepcionado pelo seu corpo material e pelas circunstâncias de vida que o limitavam - era magro, calvo disfarçado pelo chapéu, sem sucesso amoroso, sem carreira profissional, endividado, porém com superação na escrita, fator esse que proporcionou  seus desdobramentos de personalidade. Havia um processo constante de busca esotérica sobre si mesmo e sobre Portugal.
Heterônimos =

Álvaro de Campos

O heterônimo Álvaro de Campos, tem a visão multifacetada do real e a crise de identidade são seus marcos.
Viveu tudo na vida intensamente. Possuia a filosofia do niilismo - nada valeu a pena tudo foi em vão. Não sou nada , não quero nada.
Expressava tédio por um mundo que não o aceitava se  expressava com linguagem despida de beleza, era solitário e depressivo.
Esse poeta não contava com ninguém a não ser consigo mesmo(niilismo). Sua poesia era rotesca, gênero literário desqualificado, a finalidade do grotesco era aliviar-nos a beleza.  O seu esforço em conhecer a si próprio fragmenta o seu próprio EU." O EU de ontem jamais é idêntico ao EU de hoje". Impotente frente ao real.
Ricardo Reis

O heterônimo Ricardo Reis utiliza estilo refinado vê a forma poética, mediado pela frieza e pelo controle emocional. Oferece reflexão sobre as coisas, define a vida como passageira - vamos morrer - tudo afinal é ilusão,  o tempo passa, aproveitemos a vida (Carpe Diem).
Considerado autor clássico pois utiliza figuras mitológicas e vocabulário professoral, o que vale é o real visto em sua superfície, apreendido pelos sentidos, a religião é pagã, a natureza é a pluralidade das coisas, o que vale é o real. Na verdade para ele o cristão quer colocar o seu Cristo acima dos outros deuses, para ele cristo é só mais um Deus.
O que predomina é a razão sobre a sensibilidade, o homem é impotente perante a morte - ele não supera o fato de morrer.
O que existe é a realidade do agora - o real.
Alberto Caeiro

O heterônimo Alberto Caeiro é o próprio paganista, mestre dos outros heterônimos, pensava de forma simples, sem questionamentos - viva sem pensar na morte - quando se pensa perde o prazer do natural (inocente).
Para Caeiro não há mistérios nas coisas, o que vejo, vejo e pronto. Sendo assim o corpo e a alma, unem-se ao corpo que é palpável e visível. A alma isolada é inexistente pois não se vê (natureza física + alma corporal = corpo).
Cristo existe desde que materializado - Cristo pode ser uma flor...
Na poesia tem uma estética na qual a imperfeição compõe uma poesia desarmoniosa, sem preocupação com a forma estética e rimas - é tido como poeta desleixado, para ele a própria natureza é sempre desigual, por isso não existe harmonia na natureza, as coisas são diferentes umas das outras.
Caeiro não se prendeu a nada - viveu por viver - viver é normal.

Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.

Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo ele todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente
Porque todas as coisas são, em verdade excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.
Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidades eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora,
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'EIe há só EIe, e Tudo para Ele é pouco.

Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.....

(Álvaro de Campos)


#Será que este poema de Álvaro de Campos,tem algo em comum com esta linda música de Arnaldo Antunes ?




                                                    #foco: 3 ano EM


---- Início do Modernismo,Fernando Pessoa é o poeta que explora a imaginação, viaje em seus heterônimos ....
-- Professor,  pode explorar as características únicas  dadas ao  poeta ELE MESMO- poesias ortônimas , mostrar várias de suas obras além desta de Álvaro de Campos sugerida aqui; procurando encontrar o perfil de cada heterônimo na obra lida e estudada...viajando e sentindo pois, 

'Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.'  

---Sugiro também para comparações com as poesias de Ricardo Reis, e "Carpe Diem", o filme "Sociedade dos poetas mortos"..uma reflexão sobre como aproveitar a vida em cada momento.





6/26/2013

quiz "Foi Clarice que disse?"

A obra e a popularidade de Clarice Lispector:

Muitas frases divulgadas na internet são equivocadamente atribuídas à escritora. Discuta as razões da popularidade de Clarice Lispector e apresente as principais características de sua obra.
Leia os contos "Amor"  e "Uma galinha" , ambos de Clarice Lispector. Selecione também trechos dos romances "A paixão segundo G. H." e "Perto do coração selvagem" que evidenciem os aspectos filosóficos e existenciais da obra de Lispector. Procure apontar a convergência entre os aspectos profundos, reflexivos e intimistas presentes na vida interior de seus personagens e a criação formal das palavras no texto. Evidenciar este elo pode ser um ponto interessante para retirar a pecha de "difícil" da obra de Clarice e lançar luz à compreensão de sua obra.
 Para compreender ainda melhor a personalidade complexa e misteriosa da escritora fica também a sugestão do livro "Clarice, uma biografia", de Benjamin Moser.
Agora a pergunta:
'quem já viu alguma frase atribuída à Clarice Lispector nas redes sociais?'

Reproduzidas por pessoas que talvez nunca tenham lido seus livros. É interessante observar que, ainda que essas frases não tenham quase nada a ver com seu estilo (por mais existencialista que tenha sido jamais teve a pretensão de ser algo próximo do que se convenciona chamar de autoajuda), persiste a aura da mulher misteriosa e o questionamento sobre a existência humana e os conflitos psicológicos que vivemos. 

Também é curioso como Clarice é tão popular, já que possui uma escrita considerada "difícil" por muitas pessoas. O que justifica essa popularidade? Provavelmente, a qualidade expressiva, inquietante, e reflexiva que percorre sua obra, que inclui não apenas os famosos romances de grande densidade, mas também textos jornalísticos (como algumas crônicas destinadas às donas de casa), o trabalho de "ghost-writer" para personalidades da sociedade e entrevistas pouco convencionais.
Clarice Lispector é considerada um grande nome da nossa literatura. Sua personalidade, aliada à profundidade de seus textos, provocou e ainda provoca espanto e reflexões profundas em seus leitores. A biografia de Clarice escrita pelo pesquisador norte-americano Benjamin Moser, e publicada em 2009, aprofundou o conhecimento sobre a vida nem sempre tranquila dessa personalidade e elucidou pontos importantes para compreender melhor sua obra e sua maneira de pensar o mundo. 


Pensamentos de Lispector:





#foco: 9  ano e /ou EM


---- Clicar nos dois contos citados para lê-los.


                           ---- Avalie se os alunos compreenderam as principais características da obra de Clarice Lispector e se conseguem diferenciar os textos a ela atribuídos de maneira apócrifa e seu estilo de escrever. Analise também se a leitura dos contos permitiu entender como a autora apresenta o que se passa no mundo interior dos personagens e como ela traduz os conflitos e questionamentos psicológicos dos seres humanos.



Em discussão:"DOM CASMURRO"

"Dom Casmurro" - Resumo obra de Machado de Assis

Publicado pela primeira vez em 1899, "Dom Casmurro" é uma das grandes obras de Machado de Assis e confirma o olhar certeiro e crítico que o autor estendia sobre toda a sociedade brasileira. Também a temática do ciúme, abordada com brilhantismo nesse livro, provoca polêmicas em torno do caráter de uma das principais personagens femininas da literatura brasileira: Capitu.




                                  Leia a análise da obra "Dom Casmurro" 






O romance inicia-se numa situação posterior a todos os seus acontecimentos. Bento Santiago, já um homem de idade, conta ao leitor como recebeu a alcunha de Dom Casmurro. A expressão fora inventada por um jovem poeta, que tentara ler para ele no trem alguns de seus versos. Como Bento cochilara durante a leitura, o rapaz ficou chateado e começou a chamá-lo daquela forma. 

O narrador inicia então o projeto de rememorar sua existência, o que ele chama de "atar as duas pontas da vida". O leitor é apresentado à infância de Bentinho, quando ele vivia com a família num casarão da rua de Matacavalos. 

O primeiro fato relevante narrado é também seu primeiro motivo de preocupação. Bentinho escuta uma conversa entre José Dias e dona Glória: ela pretende mandá-lo ao seminário no cumprimento de uma promessa feita pouco antes de seu nascimento. A mãe, que já havia perdido um filho, prometera que, se o segundo filho nascesse "varão", ela faria dele padre. Na conversa, dona Glória soubera da amizade estreita entre o menino e a filha de Pádua, Capitolina. 

Bentinho fica furioso com José Dias, que o denunciara, e expõe a situação a Capitu. A menina ouve tudo com atenção e começa a arquitetar uma maneira de Bentinho escapar do seminário, mas todos os seus planos fracassam. O garoto segue para o seminário, mas, antes de partir, sela, com um beijo em Capitu, a promessa de que se casaria com ela. 

No seminário, Bentinho conhece Ezequiel de Souza Escobar, que se torna seu melhor amigo. Em uma visita a sua família, Bentinho leva Escobar e Capitu o conhece. 

Enquanto Bentinho estuda para se tornar padre, Capitu estreita relações com dona Glória, que passa a ver com bons olhos a relação do filho com a garota. Dona Glória ainda não sabe, contudo, como resolver o problema da promessa e pensa em consultar o papa. Escobar é quem encontra a solução: a mãe, em desespero, prometera a Deus um sacerdote que não precisava, necessariamente, ser Bentinho. Por isso, no lugar dele, um escravo é enviado ao seminário e ordena-se padre. 

Bentinho vai estudar direito no Largo de São Francisco, em São Paulo. Quando conclui os estudos, torna-se o doutor Bento de Albuquerque Santiago. Ocorre então o casamento tão esperado entre Bento e Capitu. Escobar, por seu lado, casara-se com Sancha, uma antiga amiga de colégio de Capitu. Capitu e Bentinho formam um "duo afinadíssimo". 

Essa felicidade, entretanto, começa a ser ameaçada com a demora do casal em ter um filho. Escobar e Sancha não encontram a mesma dificuldade: têm uma bela menina, a quem colocam o nome de Capitolina. 

                 Depois de alguns anos, Capitu finalmente tem um filho, e o casal pode retribuir a homenagem que Escobar e Sancha lhe haviam prestado: o filho é batizado com o nome de Ezequiel. 

Os casais passam a conviver intensamente. Bento vê uma semelhança terrível entre o pequeno Ezequiel e seu amigo Escobar, que, numa de suas aventuras na praia - o personagem era excelente nadador -, morre afogado. 

Bento enxerga no filho a figura do amigo falecido e fica convencido de que fora traído pela mulher. Resolve suicidar-se bebendo uma xícara de café envenenado. Quando Ezequiel entra em seu escritório, decide matar a criança, mas desiste no último momento. Diz ao garoto, então, que não é seu pai. Capitu escuta tudo e lamenta-se pelo ciúme de Bentinho, que, segundo ela, fora despertado pela casualidade da semelhança. 

Após inúmeras discussões, o casal decide separar-se. Arruma-se uma viagem para a Europa com o intuito de encobrir a nova situação, que levantaria muita polêmica. O protagonista retorna sozinho ao Brasil e se torna, pouco a pouco, o amargo Dom Casmurro. Capitu morre no exterior e Ezequiel tenta reatar relações com ele, mas a semelhança extrema com Escobar faz com que Bento Santiago o rejeite novamente. O destino de Ezequiel é infeliz: ele morre de febre tifóide durante uma pesquisa arqueológica em Jerusalém. 

Triste e nostálgico, o narrador constrói uma casa que imita sua casa de infância, na rua de Matacavalos. O próprio livro é também uma tentativa de recuperar o sentido de sua vida. No fim, o narrador parece menosprezar um pouco a própria criação. Convence-se de que o melhor a fazer agora é escrever outra obra sobre "a história dos subúrbios".

Lista de personagens
Bentinho (Bento Santiago): o narrador-personagem que conta suas memórias, membro da elite carioca do século XIX. 

Capitu (Capitolina): grande amor de Bentinho, personagem de origem pobre, mas independente e avançada. 

Escobar: o melhor amigo de Bentinho, a quem conheceu quando estudaram juntos no seminário. 

Dona Sancha: mulher de Escobar, ex-colega de colégio de Capitu. 

Dona Glória: mãe de Bentinho, adora o filho e é também muito religiosa. Quer que o garoto se ordene padre como cumprimento de uma promessa que fez. 

José Dias: agregado que vive de favores na casa de dona Glória. Suposto médico, tem o hábito de agradar aos proprietários da casa com o uso de superlativos. 

Tio Cosme: irmão de dona Glória, viúvo e advogado. 

Prima Justina: prima de dona Glória, que, segundo o narrador, não tinha papas na língua. 

Pedro de Albuquerque Santiago: pai de Bentinho, faleceu quando o filho ainda era muito pequeno. 

Senhor Pádua 
e Dona Fortunata: pais de Capitu, que viam no possível casamento da filha com Bentinho uma possibilidade de ascensão social. 

Ezequiel:
 filho de Capitu, sobre o qual o narrador sustenta forte dúvida quanto à paternidade, pois o garoto tinha grande semelhança física com Escobar.
RESPONDA:

A) Você acha que houve a suposta traição de Capitu a Bentinho? Justifique a sua resposta.

B) Faça um comentário sobre a obra Dom Casmurro. Qual foi o momento da narrativa que mais chamou a sua atenção?Argumente sua posição sobre esta 'suposta traição'.

C) Encontre semelhanças e diferenças com o conto "A cartomante",você encontrou marcas do autor em ambos os textos?Justifique sua resposta.

                    # clique e leia "A cartomante"- Machado de Assis
                      http://www.releituras.com/machadodeassis_cartomante.asp








                            Machado de Assis




Sobre Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839 na cidade do Rio de Janeiro. Neto de escravos alforriados, foi criado em uma família pobre e não pode frequentar regularmente a escola. Porém, devido a seu enorme interesse por literatura, conseguiu se instruir por conta própria. Entre os seis e os quatorze anos, Machado de Assis perdeu sua irmã, a mãe e o pai.

Aos 16 anos, Machado conseguiu um emprego como aprendiz em uma tipografia, vindo a publicar seus primeiros versos no jornal "A Marmota". Em 1860 passou a colaborar para o "Diário do Rio de Janeiro" e é dessa década que datam quase todas suas comédias teatrais e "Crisálidas", um livro de poemas.

Em 1869 Machado de Assis casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais sem o consentimento da família da moça, devido à má fama que Machado carregava. Porém, este casamento mudou sua vida, uma vez que Carolina lhe apresentou à literatura portuguesa e inglesa. Mais amadurecido literariamente, Machado publica na década de 1870 uma série de romances, tais como "A mão e a luva" (1874) e "Helena" (1876), vindo a obter reconhecimento do público e da crítica. Ainda na década de 1870, Machado iniciou sua carreira burocrática e em 1892 já ocupava o cargo de diretor geral do Ministério da Aviação. Através de sua carreira no serviço público, Machado de Assis conseguiu sua estabilidade financeira.
A obra literária de Machado era marcadamente romântica, mas na década de 1880 ela sofre uma grande mudança estilística e temática, vindo a inaugurar o Realismo no Brasil com a publicação de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881). A partir de então a ironia, o pessimismo, o espírito crítico e uma profunda reflexão sobre a sociedade brasileira se tornarão as principais características de suas obras. Em 1897, Machado funda a Academia Brasileira de Letras, sendo seu primeiro presidente e ocupando a Cadeira Nº 23. 

Em 1904, Machado perde a esposa após um casamento de 35 anos. A morte de Carolina abalou profundamente o escritor, que passou a ficar isolado em casa e sua saúde foi piorando. Dessa época datam seus últimos romances: "Esaú e Jacó" (1904) e "Memorial de Aires" (1908). Machado morreu em sua casa no Rio de Janeiro no dia 29 de setembro de 1908. Seu enterro foi acompanhado por uma multidão e foi decretado luto oficial no Rio de Janeiro.


Seus principais romances são: "Ressurreição" (1872), "A mão e a luva" (1874), "Helena" (1876), "Iaiá Garcia" (1878), "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881), "Quincas Borba" (1891), "Dom Casmurro" (1899), "Esaú e Jacó" (1904) e "Memorial de Aires" (1908). Além dessas obras, Machado de Assis possui uma extensa bibliografia que abrange poemas, contos e peças teatrais.







#foco: 2 ano do EM



_ Por ser um romance intrigante, e sem resposta clara sobre a suposta traição de Capitu, até nos dias de hoje os alunos tem a curiosidade em ler 'Dom Casmurro'.

- O professor pode sugerir páginas para pesquisa, como : https://www.facebook.com/pages/A-Um-Bruxo-Com-Amor/449379395131328

- Após, usar o debate sobre o vocabulário da época e comparar com o nosso vocabulário de hoje.

- Deixar claro a passagem desta  
obra para o 'Realismo': escola literária seguinte ao  
  'Romantismo';discutir sobre as características usadas pelos autores desta época,sobretudo
  por Machado de Assis.

_ O aluno terá como atividade,em grupo,elaborar a posição do grupo sobre a suposta traição, para assim elaborar uma Resenha Crítica sobre a obra Machadiana.