Tenha uma boa leitura Uma viagem com os livros : Vamos viajar !? HETERÔNIMOS ...

6/28/2013

Vamos viajar !? HETERÔNIMOS ...

Para viajar basta existir.
Fernando Pessoa

Fernando Pessoa - Heterônimos

Fernando Pessoa - quatro poetas em um: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e ele próprio (cada qual fortemente distinto com características bem divergentes).
Fernando Pessoa

Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.
É considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e o seu valor é comparado ao de Camões. Teve uma vida discreta, atuante no jornalismo, na publicidade, no comércio e principalmente na literatura, onde se desdobrou em várias outras personalidades conhecidas como heterônimos.
A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra, além do fato de ser o maior autor da heteronímia.
Tinha uma personalidade com conflitos não solucionados, com inibições de um comportamento sexualmente indeciso, oscilando entre o melindre e a tentação dos sentidos, decepcionado pelo seu corpo material e pelas circunstâncias de vida que o limitavam - era magro, calvo disfarçado pelo chapéu, sem sucesso amoroso, sem carreira profissional, endividado, porém com superação na escrita, fator esse que proporcionou  seus desdobramentos de personalidade. Havia um processo constante de busca esotérica sobre si mesmo e sobre Portugal.
Heterônimos =

Álvaro de Campos

O heterônimo Álvaro de Campos, tem a visão multifacetada do real e a crise de identidade são seus marcos.
Viveu tudo na vida intensamente. Possuia a filosofia do niilismo - nada valeu a pena tudo foi em vão. Não sou nada , não quero nada.
Expressava tédio por um mundo que não o aceitava se  expressava com linguagem despida de beleza, era solitário e depressivo.
Esse poeta não contava com ninguém a não ser consigo mesmo(niilismo). Sua poesia era rotesca, gênero literário desqualificado, a finalidade do grotesco era aliviar-nos a beleza.  O seu esforço em conhecer a si próprio fragmenta o seu próprio EU." O EU de ontem jamais é idêntico ao EU de hoje". Impotente frente ao real.
Ricardo Reis

O heterônimo Ricardo Reis utiliza estilo refinado vê a forma poética, mediado pela frieza e pelo controle emocional. Oferece reflexão sobre as coisas, define a vida como passageira - vamos morrer - tudo afinal é ilusão,  o tempo passa, aproveitemos a vida (Carpe Diem).
Considerado autor clássico pois utiliza figuras mitológicas e vocabulário professoral, o que vale é o real visto em sua superfície, apreendido pelos sentidos, a religião é pagã, a natureza é a pluralidade das coisas, o que vale é o real. Na verdade para ele o cristão quer colocar o seu Cristo acima dos outros deuses, para ele cristo é só mais um Deus.
O que predomina é a razão sobre a sensibilidade, o homem é impotente perante a morte - ele não supera o fato de morrer.
O que existe é a realidade do agora - o real.
Alberto Caeiro

O heterônimo Alberto Caeiro é o próprio paganista, mestre dos outros heterônimos, pensava de forma simples, sem questionamentos - viva sem pensar na morte - quando se pensa perde o prazer do natural (inocente).
Para Caeiro não há mistérios nas coisas, o que vejo, vejo e pronto. Sendo assim o corpo e a alma, unem-se ao corpo que é palpável e visível. A alma isolada é inexistente pois não se vê (natureza física + alma corporal = corpo).
Cristo existe desde que materializado - Cristo pode ser uma flor...
Na poesia tem uma estética na qual a imperfeição compõe uma poesia desarmoniosa, sem preocupação com a forma estética e rimas - é tido como poeta desleixado, para ele a própria natureza é sempre desigual, por isso não existe harmonia na natureza, as coisas são diferentes umas das outras.
Caeiro não se prendeu a nada - viveu por viver - viver é normal.

Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.

Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo ele todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente
Porque todas as coisas são, em verdade excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.
Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidades eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora,
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'EIe há só EIe, e Tudo para Ele é pouco.

Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.....

(Álvaro de Campos)


#Será que este poema de Álvaro de Campos,tem algo em comum com esta linda música de Arnaldo Antunes ?




                                                    #foco: 3 ano EM


---- Início do Modernismo,Fernando Pessoa é o poeta que explora a imaginação, viaje em seus heterônimos ....
-- Professor,  pode explorar as características únicas  dadas ao  poeta ELE MESMO- poesias ortônimas , mostrar várias de suas obras além desta de Álvaro de Campos sugerida aqui; procurando encontrar o perfil de cada heterônimo na obra lida e estudada...viajando e sentindo pois, 

'Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.'  

---Sugiro também para comparações com as poesias de Ricardo Reis, e "Carpe Diem", o filme "Sociedade dos poetas mortos"..uma reflexão sobre como aproveitar a vida em cada momento.





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