Tenha uma boa leitura Uma viagem com os livros : Era uma vez...

6/30/2013

Era uma vez...

Chapeuzinho Vermelho x Chapeuzinho Amarelo: medo do Lobo, medo bobo.


 

Os contos de fadas foram adaptados com o passar do tempo à classe emergente, a burguesia. Os educadores tentavam impedir que as crianças pobres tivessem acesso a eles, pois, acreditavam que poderiam despertar nas crianças desejos inadequados, uma vez que são apresentados de maneira a acostumá-las a reagir de forma adequada ao socialmente esperado, desvalorizando (ou reprimindo) os impulsos que estão em desacordo com a sociedade. Assim, sempre terão uma função utilitária expressa por um ensinamento moral. Por tal razão, os contos de fadas encerram, de maneira geral, uma moral útil, ou seja, deixam claras as vantagens em ser honesto, gentil, obediente, laborioso e avisado, da mesma maneira, as desvantagens e castigos em ser mal, ambicioso, mentiroso, etc. 

Sob o ponto de vista histórico, apesar de o conto de fadas narrado para crianças ter por objetivo a educação infantil burguesa, já que representam uma mistura de narrativas pré-burguesas inicialmente transmitidas de forma oral, os contos de fadas folclóricos, como os coletados pelos irmãos Grimm, não eram restritos às crianças nem “fabulosos”, uma vez que eram contados por e para adultos, homens e mulheres, em toda parte do mundo. Seus narradores e ouvintes faziam parte dos grupos mais pobres do mundo feudal, ou seja, eram ligados, de alguma maneira, à classe dos explorados. Podemos verificar o fato em sua estrutura básica. Nela, o herói se encontra em situação difícil, sempre esta alterada para melhor geralmente por uma intervenção externa e mágica ao protagonista, ou seja, por uma ação não realizada pelo protagonista, pois exercida por algum personagem fantástico.O que se observa também é o tratamento diferenciado em relação às condutas das personagens femininas e masculinas em que são enfatizados aspectos do comportamento feminino, como a obediência, a beleza, a curiosidade, a honestidade, sempre relacionados à posição social ocupada pela personagem da narrativa. A recompensa pelo desenvolvimento desses atributos seria o casamento que era a forma pela qual a mulher adquiria sua identidade social.
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Por ter sido e ainda ser um meio eficaz de moralizar e educar as crianças, as histórias infantis apresentam um discurso identificável com os interesses pedagógicos e familiares. Geralmente, os maus acabam punidos e os bons recompensados, porém, há as histórias em que os bons acabam morrendo de maneira violenta, são os contos de susto ou admoestação (a forma de narrá-los, com uma voz forte e grave, também lhe é peculiar), feitos com o objetivo de alertar sobre um perigo ou impedir certas ações. Dentre essas histórias, está a história de Chapeuzinho Vermelho.
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As versões mais conhecidas são as de Perrault e dos irmãos Grimm, tem caráter educativo. Nesta versão aparece o discurso pedagógico autoritário por meio das vozes da mãe e do lobo. Trata-se de uma história de admoestação em que a criança aprende pelo medo a ser obediente e em quem deve confiar (no caso, a mãe; e não confiar (no caso, o Lobo) que a quer enganar. A narração é pautada pela relação de poder e saber do adulto sobre a criança ingênua e ignorante. No entanto, na famosa versão de Chico Buarque – intitulada Chapeuzinho amarelo – há um rompimento com esta atitude. Não se abandona a função utilitária do texto infantil, mas muda-se o foco da mesma, que deixa de ser autoritária, de admoestação, e passa a apresentar-se como libertária na medida em que valoriza a reflexão, autocrítica e a autonomia da criança.



A segunda versão, para a qual damos ênfase, de Chico Buarque, intitulada como Chapeuzinho Amarelo, contempla o diferente e o humor; nela desestabilizam-se completamente os sentidos da versão tradicional e surge um discurso libertário que substituirá o autoritário, da mesma forma que a imagem do medo cede lugar ao não-medo, assim, o Lobo se transforma de amedrontador em amedrontado e a menina de Chapeuzinho com medo em Chapeuzinho sem medo. O Lobo tenta, por meio de uma estratégia, recuperar o medo da menina - sentido dominante na formação discursiva moralista da versão tradicional - porém, não há sucesso em sua empreitada; desanimado acaba virando um bolo. O autor brinca com as palavras de forma que se construa uma estrutura lúdica. Não há na história a presença da mãe de maneira que não há desobediência por parte da menina e, consequentemente, castigo. A menina percebe que seus medos são construídos por ela mesma e que somente existem até o momento em que são enfrentados.


A história Chapeuzinho amarelo feita por Chico Buarque propõe uma mudança no comportamento socialmente desejado para a criança. Poderíamos afirmar que sua paródia às versões tradicionais constitui uma adaptação à atualidade na medida em que incorpora uma nova identidade infantil assim como uma nova postura educacional.

As diferenças analisadas nas duas versões marcam a diferença de sentido que adquire, assim como, a diferença de objetivo que se deseja alcançar, daí a importância da apresentação de ambas as histórias à criança para que possa perceber a diferença entre elas e, desta forma, desenvolver seu pensamento critico.

Confira a seguir comparando as histórias mencionadas, e boa reflexão!




"Deu a louca na chapeuzinho",um ótimo filme 'moderno' para assistir e discutir com os alunos após as leituras citadas ,em referências.




Referências:

Chapeuzinho Vermelho  - versão de Charles Perrault: 

# Foco: 6 ano e/ou 7 ano - EF

----Podemos passar pelas versões mais antigas dos contos de fadas até  as mais atuais, confrontar a época em que foram escritos.Criar um debate entre semelhanças e diferenças dos contos.
-----Mostrar a estrutura de um conto, e perceber se o aluno entendeu através das citações feitas, * clicar nas referências dadas e ler juntamente com os alunos.Assistir ao filme "Deu a louca na chapeuzinho."
---- Finalizando, propor aos alunos a produção de um conto de fadas ,podendo usar um já conhecido, deixando-o 'moderno'.Como por exemplo ,este proposto.

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